sexta-feira, 2 de março de 2012

Tum e PAH.

    Havia aquele caminho, repleto de vida, tanta vida, aquelas cores e aquelas árvores, eram eucaliptos mas mesmo assim eram árvores. Contudo dentre essas árvores havia aqueles outros caminhos, muitas entradas e vielas, a beleza se fez dentre raios solares e a entrada da noite, era de se impressionar com aquilo tudo, porém tudo estava tão rápido. A nostalgia bateu, TUM, a alegria bateu, PAH, a tristeza tomou conta, e rodeou, rodeou, persistiu e aquelas entradas e vielas foram se fortalecendo como uma linha do tempo, cada uma delas com seu marco.
    Aquele ar, aquela música, aquela pessoa, aquele professor, aquele seu pai, aquela sua irmã, aquele seu cachorro, e aquele velho carro de banco rasgado passaram por cada uma daquelas entradas, mas passaram tão rápido, que escureceu de vez, e aqueles eucaliptos não mais se mostravam como caminhos.
    Os eucaliptos deram lugar ás luzes daquela velha cidade, cuja entrada dizia: Se entrar...não sairá! Mais adiante havia uma outra cidade, sem dizeres na entrada. E muito lá na frente havia uma casinha, com meia luz acesa, uma cadeira de balanço, uma janela quebrada e um pé de tomate na frente, pois é...lá fiquei.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Trem de doido.

  Havia um trilho, passageiros, sacolas e cachoeiras. E também havia a sonoridade. Elementos que se contemplavam, se emaranhavam e se completavam,  Café com pão na sacola, e também aquele homem que observava fixamente a sacolinha  amarela movendo-se ao ritmo de uma pluma, no entanto esqueceu-se daquela cachoeira, e era a única no caminho. Cachoeira esta carregada de mitos, uns dizem terem visto seres da floresta por ali, mas o que chamava atenção naquela cachoeira era o seu fluxo, pois ao invés de descer ela subia. Isso mesmo ela subia, e aquele homem fixando seu olhar naquela sacola amarela. 
  Foi então que lhe perguntaram:
                    - Ei o senhor observou aquela cachoeira? ou será coisa da minha cabeça? 
                    -  Ei senhor? Estou falando com você!
   A pessoa então o cutucou. Senhor! Senhor! Então ele olhou, e disse: 
                   - Perdão. O que a senhora disse? 
                     Ah...não vi cachoeira alguma, estava pensando naquela sacolinha, tão leve. O que será que aquela criança está levando dentro?
   A senhora observa e diz:  
                     - Anh..então era isso que o senhor estava observando, na leveza da sacola. 
     Senhor:
                 - Sim. Eu estava comparando a quantidade de coisas que esta criança leva na sua sacolinha, enquanto sua mãe está levando várias sacolas. Por que? Há de ser assim sempre? Porque estamos habituados aos nossos fardos, estamos ficando velhos de espírito minha senhora, esquecemos de viver, temos todas as condições ideais de vida, sentimos, olhamos, ouvimos, tateamos, somos peças fundamentais no mundo espiritual e terreno, é como uma rede. E aquela criança? quais são suas preocupações? O que ela está levando naquela sacola? E eu por que não observei aquela cachoeira, que como era? corria ao contrário né? Poxa. Perdi. 
    Senhora: 
                     - Olha meu senhor. Posso lhe dar uma sugestão?
     Senhor:                
                      - Sim.
     Senhora:
                     - Porque você não toma este trem de volta, e quem sabe não tome um banho de cachoeira de cabeça pra baixo, já pensou nisso? Você além de ver a cachoeira, pode senti-la e quem sabe não encontrar respostas para suas angústias, medos, sei lá o que o senhor tem.
    Senhor:    
                  - A senhora acha mesmo? Eu devo fazer isso? Voltar nesse trem? Mas sabe qual o problema, só tenho o dinheiro da ida, eu to indo pra capital, pois lá dizem que vou me dar bem, preciso arrumar um trabalho e construir minha vida.
    Senhora: 
                        - Mas e aquele discurso que o senhor acabou de fazer?
    Senhor: 
                        - É minha senhora, foi um momento de sobriedade, a minha vida está condicionada e fadada a alienação. 




                                                                                                       (talvez continua)      
                    

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Não me refiz.

 O natal ta chegando, o fim de ano também e daqui a pouco começa o carnaval. E se refaz o ciclo, olha só, enchentes, destruição, alagamentos, engarrafamentos, todo começo de ano a mesma notícia, ipva, iptu, iputaquepariu.
  Monotonia, rotina, mesmice. Todo ano a mesma coisa, as mesmas datas, o mesmo comércio, a mesma profissão, o mesmo caminho para o tal, a mesma morada, os mesmos pontos fixos, aqueles velhos livros, aqueles velhos clichês, aquelas mesmas idéias, aqueles mesmos objetivos, e aquela mesma meta. Que meta? ah, ganhar o campeonato brasileiro, ganhar o BBB, ganhar a fazenda, ganhar o concurso miss Brasil, miss mundo, o grammy, oscar, o cannes, F1, grand prix, fut areia.
  E sabe do mais, alguém vai morrer, e vai se tornar notícia no mundo inteiro. (quem sabe aos 27). Alguma bandinha vai surgir e se tornar um novo fenômeno pop, e um novo filme americano esta por vir, e ganhar milhões na bilheteria. Mas ano que vem tem eleições municipais, Putz...sujeira de novo. Sujam minha calçada, prometem limpar e não limpam, até quando a chuva vai lavar a rua.
  O ciclo não vai mudar, rapidamente temos de nos refazer, renovar, porque a política não vai mudar, aquela banda não vai mudar, aquele seu time não vai ganhar, e se usarmos isso tudo como porto seguro, estamos na pindaiba, é necessário vir de dentro esse desejo de mudar e fazer algo grande, não ficar na mesmice, com aquela mesma cerveja no copo....já com dengue.

 P.S: Papai noel me vê dois limões, um copo, uma 51, um pouco de sal e um belo cigarro de palha, se possível sente ao meu lado, pois quero saber de onde veio e pra onde irá.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Do Ferréz. Do Bom.

                            A escravidão moderna das ZPEs


Você sabe o que é uma ZPE?
Empresas como a NIke, Reebok e GAP, Guess, Old Navy concentram suas produções em ZPEs, que é uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), ou seja um distrito industrial onde empresas neles localizados operam com suspensão de impostos, liberdade cambial (não são obrigadas a converter em reais as divisas obtidas nas exportações) e gozam de procedimentos administrativos simplificados.
Pela lei a ‘A ZPE são instaladas nas regiões menos desenvolvidas do País, objetivando reduzir desequilíbrios regionais, bem como fortalecer o balanço de pagamentos e promover a difusão tecnológica e o desenvolvimento econômico e social do País.’
Lindo discurso, mas na verdade são campos de escravidão modernos, onde se criam leis próprias e essas áreas, a mão de obra é extremamente barata e não sindicalizada, os trabalhadores vivem em lugares que mais parecem chiqueiros com teto e até marcação com tinta no chão para dormirem, como um estacionamento.
O salário fica abaixo do nível de subsistência e os ‘escravos’ modernos não conseguem economizar nada, pois gastam com comida em volta da fábrica e locais para dormir.
Porque esses trabalhadores ficam nessa situação e não voltam para sua casa?bom, outro fator importante, eles moravam em fazendas que foram desapropriadas por leis de reformas agrárias, algumas viram campos de golfe, outras são áreas são dadas pelo governo para as grandes fábricas, então não há para onde voltar.
Horas extras são obrigatórias, placas contra Agitadores “sindicalistas” estão espalhadas por todos os lados, se existe muito serviço quando a GAP tem uma grande encomenda, então se trabalha das 7 da manhã até as 2 da madrugada, horas extras são obrigatórias, se não tem serviço, os trabalhadores tem que ir para casa e não recebem até que haja mais serviço.
A casos documentados de morte por excesso de trabalho e também de assassinato de trabalhadores que não concordam e resolvem lutar por seus direitos.
Você pode estar dizendo que isso é em outros países e que pouco tem a ver com sua realidade, mas países inteiros são transformados em favelas industriais e guetos de mão de obra barata, e não apenas no Sri Lanka, onde o governo da 10 anos sem pagar impostos, ou seja vende sua população por isenção de impostos, todos os incentivos que os governos criam para atrair essas empresas, servem para dar a sensação de que elas são turistas econômicos, em vez de investidores de longo prazo. Outros países que tem seus ZPEs, na Coréia do Sul, Taiwan, Vietnão, México, Filipinas.
Você pode só abaixar ai e dar uma olhada na etiqueta do seu tênnis? bateu com algum desses países? parabéns você ajuda a manter isso.
Só para ficar na mente, a grande maioria é de mulheres jovens e inexperientes que não sabem seus direitos.
Outro dado, 27 milhões de pessoas estão vivendo nesses bolsões de misérias
Se quiser mais dados sobre o assunto, recomendo o livro de Naomi Klein - Sem Logo, ou reportagens que coligam as ZEPs com a falta de direitos trabalhistas em todo o mundo, todos os detalhes desse texto são baseados em estudos e documentos oficiais.
A nossa luta continua, aos poucos temos que abrir os olhos das pessoas para o que consomem, pois todos somos responsáveis por essa Capetalismo, já que consumimos e nós que damos poder para que tudo isso ocorra.
texto escrito direto da Célula revolucionária no bairro do Capão Redondo.
Ferréz

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

2 pólos extremos.

  Norte e Sul, são pólos opostos, um é frio e o outro....o outro é frio também. Porém há uma certa distância entre os pólos, temos de atravessar todos os tipos de climas, clima quente, seco, úmido, moderado temperado, ou talvez um clima muito, mais muito quente, contudo chegaremos a mesma frieza dos pólos.
  É bem assim, um dia está quente, daí repentinamente o clima muda e faz aquele frio desgraçado, depois chove, senão, aquele calor do cão, de querer sacar a roupa e sair por ai (atentado ao pudor). Ah mas estava eu aqui pensando, se todos os dias fossem frio ou só calor, como seria? Talvez a mudança de temperatura seja um processo necessário a sobrevivência dos animais, do urso por exemplo. Se eu fosse um urso, unh, que bom seria, acho que adoraria ficar hibernando, sem fazer nada, lá tranquilo, é como se desligassem meu cérebro.
  Fico imaginando o humor desses animais em diferentes climas, como seria por exemplo o humor de um boi localizado no sertão nordestino, deve ser tenso, bom pelo menos eu acho. No entanto o humor do bicho homem é esquisito assim como a mudança de temperatura, uma hora fria outra quente, ou muito mais muito quente e outra escessivamente fria. Você ja se deparou com isso?  Sabe aquela sensação de alegria extrema, ou uma tristeza enorme, ah...quem não tem isso né, isso tem nome, denomina-se Bipolaridade. Bipolaridade é segundo o google (pai de tudo):
     " Ele se sente bem, realmente bem..., na verdade quase invencível. Ele se sente como não tendo limites para suas capacidades e energia. Poderia até passar dias sem dormir. Ele está cheio de idéias, planos, conquistas e se sentiria muito frustrado se a incapacidade dos outros não o deixasse ir além. Ele mal consegue acabar de expressar uma idéia e já está falando de outra numa lista interminável de novos assuntos. Em alguns momentos ele se aborrece para valer, não se intimida com qualquer forma de cerceamento ou ameaça, não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior a sua. Com a mesma rapidez com que se zanga, esquece o ocorrido negativo como se nunca tivesse acontecido nada. As coisas que antes não o interessava mais lhe causam agora prazer; mesmo as pessoas com quem não tinha bom relacionamento são para ele amistosas e bondosas".
   Esta é uma descrição de Bipolaridade. Bem vindo ao clube, assim sem mais.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O não-lugar na globalização

  Se o shopping é um não lugar, o que é o site Submarino? Antes, gostaria de destacar o que são não lugares: "Não lugares são a medida da época; a medida quantificável e que se pode tomar adicionando, ao preço de algumas conversões entre superfície, volume e distância, as vias aéreas, ferroviárias, das auto-estradas e os habitáculos móveis ditos ‘meios de transporte’ (aviões, comboios, autocarros), os aeroportos, as gares e as estações aeroespaciais, as grandes cadeias de hotéis, os parques de recreio, as grandes superfícies da distribuição”. Bom, sabendo que por exemplo um carro é um não-lugar, por ser caracterizado como um meio de transporte, um shopping é um não-lugar pois não há interações humanas, e sim de fluxo de capitais, ou seja, o inferno da modernidade.
   Bom e o site submarino, ou mercado livre, ou qualquer lugar não lugar na internet são "coisas" facilitadoreas, são instrumentos, ferramentas para efetuarmos uma compra. Por que? Se faz necessário incluirmos um caipira na discussão, um Indio, um caboclo, um mendigo que seja, como por exemplo um caipira regulado pelo horário biológico, do mato, entrará num Face, ou Orkut, ou isso aqui mesmo, um blog. O não-lugar dessas pessoas são os nossos lugares na globalização, infelizmente. O lugar de um Índio, é a sua aldeia, sua oca, seu rio, sua floresta, não um carro, um shopping, um site como submarino.
  Se faz necessária a discussão sobre pra quem serve? ou por que? ou para pra que serve, toda essa parafernária, caracterizada como globalização, se o o Indio não participa. Bom vale lembrar que eles são não-pessoas, não-humanos em Sim-lugares, e nós cibernéticos, no ciberespaço. E tem mais...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Terceiro e ultimo ponto.

Gostaria de compartilhar aqui, a sensação de ter terminado um semestre como professor. É magnífico, e melhor, bom saber que você esta sendo reconhecido por alunos, pois alguns pedem para não sair, e talvez ficar o resto do ano. Deveria ser por base de plebiscito a escolha de professores dentro de uma escola e não por processos burocráticos, pois, há professores que sequer vão à escola, enquanto a maioria dos outros professores estão querendo, e com gana em dar aulas. Alunos não deixem o samba morrer, nem o ensino de qualidade.