Havia aquele caminho, repleto de vida, tanta vida, aquelas cores e aquelas árvores, eram eucaliptos mas mesmo assim eram árvores. Contudo dentre essas árvores havia aqueles outros caminhos, muitas entradas e vielas, a beleza se fez dentre raios solares e a entrada da noite, era de se impressionar com aquilo tudo, porém tudo estava tão rápido. A nostalgia bateu, TUM, a alegria bateu, PAH, a tristeza tomou conta, e rodeou, rodeou, persistiu e aquelas entradas e vielas foram se fortalecendo como uma linha do tempo, cada uma delas com seu marco.
Aquele ar, aquela música, aquela pessoa, aquele professor, aquele seu pai, aquela sua irmã, aquele seu cachorro, e aquele velho carro de banco rasgado passaram por cada uma daquelas entradas, mas passaram tão rápido, que escureceu de vez, e aqueles eucaliptos não mais se mostravam como caminhos.
Os eucaliptos deram lugar ás luzes daquela velha cidade, cuja entrada dizia: Se entrar...não sairá! Mais adiante havia uma outra cidade, sem dizeres na entrada. E muito lá na frente havia uma casinha, com meia luz acesa, uma cadeira de balanço, uma janela quebrada e um pé de tomate na frente, pois é...lá fiquei.
sexta-feira, 2 de março de 2012
quinta-feira, 1 de março de 2012
Trem de doido.
Havia um trilho, passageiros, sacolas e cachoeiras. E também havia a sonoridade. Elementos que se contemplavam, se emaranhavam e se completavam, Café com pão na sacola, e também aquele homem que observava fixamente a sacolinha amarela movendo-se ao ritmo de uma pluma, no entanto esqueceu-se daquela cachoeira, e era a única no caminho. Cachoeira esta carregada de mitos, uns dizem terem visto seres da floresta por ali, mas o que chamava atenção naquela cachoeira era o seu fluxo, pois ao invés de descer ela subia. Isso mesmo ela subia, e aquele homem fixando seu olhar naquela sacola amarela.
Foi então que lhe perguntaram:
- Ei o senhor observou aquela cachoeira? ou será coisa da minha cabeça?
- Ei senhor? Estou falando com você!
A pessoa então o cutucou. Senhor! Senhor! Então ele olhou, e disse:
- Perdão. O que a senhora disse?
Ah...não vi cachoeira alguma, estava pensando naquela sacolinha, tão leve. O que será que aquela criança está levando dentro?
A senhora observa e diz:
- Anh..então era isso que o senhor estava observando, na leveza da sacola.
Senhor:
- Sim. Eu estava comparando a quantidade de coisas que esta criança leva na sua sacolinha, enquanto sua mãe está levando várias sacolas. Por que? Há de ser assim sempre? Porque estamos habituados aos nossos fardos, estamos ficando velhos de espírito minha senhora, esquecemos de viver, temos todas as condições ideais de vida, sentimos, olhamos, ouvimos, tateamos, somos peças fundamentais no mundo espiritual e terreno, é como uma rede. E aquela criança? quais são suas preocupações? O que ela está levando naquela sacola? E eu por que não observei aquela cachoeira, que como era? corria ao contrário né? Poxa. Perdi.
Senhora:
- Olha meu senhor. Posso lhe dar uma sugestão?
Senhor:
- Sim.
Senhora:
- Porque você não toma este trem de volta, e quem sabe não tome um banho de cachoeira de cabeça pra baixo, já pensou nisso? Você além de ver a cachoeira, pode senti-la e quem sabe não encontrar respostas para suas angústias, medos, sei lá o que o senhor tem.
Senhor:
- A senhora acha mesmo? Eu devo fazer isso? Voltar nesse trem? Mas sabe qual o problema, só tenho o dinheiro da ida, eu to indo pra capital, pois lá dizem que vou me dar bem, preciso arrumar um trabalho e construir minha vida.
Senhora:
- Mas e aquele discurso que o senhor acabou de fazer?
Senhor:
- É minha senhora, foi um momento de sobriedade, a minha vida está condicionada e fadada a alienação.
(talvez continua)
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